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Há seis anos, a Emater Rio Grande do Sul lançou um selo de certificação para a erva-mate para distinguir as indústrias que prezavam pela qualidade do produto. Na última semana, os critérios para a concessão da certificação foram revistos e um novo caderno de encargos foi lançado. Práticas que eram somente recomendadas, como o treinamento dos agricultores e os cuidados no transporte da erva, passaram a ser obrigatórios. Além da exigência sanitária com as indústrias ervateiras, agora os agricultores também terão que seguir as boas práticas agrícolas. Entre as obrigações, estão a proibição do uso de agrotóxicos, com raras exceções, o uso de adubos orgânicos e a garantia de que a erva esteja livre de resíduos químicos. Com isso, os produtores agregam valor ao produto e os consumidores têm a garantia de que estão ingerindo um produto diferenciado.
— Ele estabelece critérios para fins de auditoria sobre a produção de erva-mate para que as empresas que industrializam a erva possam receber certificação e qualidade Emater. Ele prevê uma série de requisitos que devem ser executados para obter o selo, que vão desde as boas práticas agrícolas até as boas práticas de fabricação. O chimarrão é uma tradição entre os gaúchos e catarinenses e é usado como alimento, então as indústrias têm que oferecer uma boa qualidade sanitária e de higiene na industrialização da erva para que não haja nenhum tipo de contaminação — diz Edemar Streck, gerente da classificação e certificação da Emater Rio Grande do Sul.
A lista de exigência para a obtenção do selo tem mais de 300 itens. Um deles é a necessidade do uso de uma lona para evitar que a erva-mate seja colhida sobre. A área também deve estar livre de insetos, assim como o local do recebimento do produto, que deve estar isolado e não deve ter a presença de animais. O local do empacotamento deve ser refrigerado, livre de poeiras e as paredes não podem estar rachadas. Todos os itens são conferidos por uma equipe de técnicos e as empresas e indústrias têm um prazo para se adequarem às normas. Caso não cumpram as exigências, o selo é cancelado.
O maior desafio é trabalhar junto ao consumidor o valor agregado do produto. É preciso que os compradores entendam que a erva-mate com o selo de qualidade é um produto diferenciado, que não oferece riscos à saúde e foi produzido com maiores cuidados e sob um sistema de avaliação rígido. Com isso, o preço da erva-mate certificada tem que ser maior do que as outras, já que a qualidade é superior e o custo de produção para se obter a erva-mate nativa ou erva-mate ecológica é maior do que a erva-mate comum, que não passa por fiscalização.
— A erva-mate nativa é um produto mais qualificado e, para ter mais valor no mercado, tem que ser feito um trabalho de marketing junto ao consumidor para mostrar qual é a vantagem da certificação. A erva mate nativa é cultivada no meio de florestas ou em sistemas agroflorestais, não é cultivada no meio de lavouras. Este processo de certificação é lento porque nem todas as indústrias estão preparadas para receber este selo. Nossa intenção é garantir um produto de qualidade e sem riscos de contaminação. A diferença de preço ainda é muito pequena. O que a gente quer mostrar é que a erva-mate nativa ou ecológica tem que ter um preço diferenciado porque ela é produzida a um custo de produção mais caro. O consumidor tem que saber os benefícios do consumo dela, da qualidade maior e isso demora um tempo para ele perceber — explica Streck.
O selo de qualidade é concedido às indústrias e não diretamente aos produtores. Segundo a assessoria de imprensa da Emater-RS “existem atualmente 340 ervateiras, desde fabricação familiar, de pequeno, médio e grande porte com produção anual de 78 mil toneladas de erva. Hoje, quatro ervateiras possuem o Selo Qualidade Certificada Emater/RS com produção de 15.600 toneladas de erva (Ervateira Vier, Ximango, Barão e Valério)”.
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